segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Eternidade num galope

Não, a eternidade não me basta
Pra banhar-me no raso açude
E gritar às cabras na porteira
O pé de seriguela da minha infância
O gosto azedo, tão doce do passado
chega-me as lembranças em pequenos relances de memória
A meninada correndo na grande casa antiga
envelhecida pelo vento seco de julho e o sereno da noite fria
Minha bisavó, de teus olhos azuis caem as lágrimas que invadem teu pasto rachado e faz o feijão brotar
Meu bisavó, teu suor mata a sede do gado e aquieta a criação que te acompanha
Meu "padim" , minha madrinha... tão sangue do meu sangue
Na serenidade de suas vozes acalma-se o peito da lida insana
Não esqueço o sol e luar do sertão
Os pedidos a cada estrela do céu límpido
A virtude do meu chão
Quero sentir cada palmo dessa terra, que amo desde os tempos de criança
E os dias não me cansarão do seu  amanhecer , do juazeiro solitário , do cavalo arredio
Te ver em cada canto, meu pai, meu mestre, sonhando com o pé de jucá lá longe, no quintal da velha casa esquecida.
E no entardecer escutar o aboiar do vaqueiro juntando as reses no curral
Todo o tempo é pouco para apear meu cavalo e sair galopando nesse chão
Rosto vermelho do sol, a poeira no caminho entre a densa caatinga e lotes vazios
Ao meu lado ainda o sinto, na corrida cadenciada dos nossos dias
Como no amanhã ainda se sentiria o seu afago
Nessa lugar de grandes ruas, movimento e poucas palavras
Não há um só dia que não deseje voltar para aqueles nossos dias
Fecho os olhos e por uma momento somos novamente um só
Voando baixo a galope no caminho para a eternidade!

(((Para meu mestre, meu amigo, meu pai... que saudade doída de nossos dias..)))

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